A obesidade é uma condição que impacta diversos aspectos da saúde, incluindo a forma como os medicamentos são absorvidos, distribuídos, metabolizados e eliminados pelo organismo. No entanto, apesar da alta prevalência de pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, grande parte dos estudos clínicos não contempla essa população, gerando lacunas importantes na prática clínica.
Um Cenário de Incertezas e Riscos
A ausência de evidências específicas para indivíduos obesos resulta em orientações imprecisas ou inexistentes nas bulas e fichas técnicas dos medicamentos. Isso aumenta significativamente o risco de:
- Subdosagem, que pode comprometer a eficácia do tratamento;
- Toxicidade, decorrente de doses excessivas ou inadequadas;
- Falhas terapêuticas, principalmente em quadros infecciosos ou crônicos.
Dados Alarmantes: Apenas 16,5% dos medicamentos têm orientações específicas
Uma revisão conduzida pelo Hospital Universitari Vall d’Hebron, em Barcelona, analisou as informações técnicas de medicamentos com base na sua adequação ao tratamento de pacientes com obesidade.
O resultado revelou que apenas 16,5% dos fármacos avaliados possuíam orientações específicas para pacientes obesos em suas fichas técnicas. Ou seja, a maioria dos profissionais de saúde precisa recorrer à experiência clínica ou extrapolar dados de populações não representativas para definir condutas — o que pode comprometer a segurança do paciente.
Afinal, qual peso utilizar no Cálculo da Dose?
A definição do parâmetro de peso a ser utilizado na dosagem é um dos pontos mais críticos e controversos. Entre as opções mais frequentes, estão:
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- Peso Total (PT) – o peso corporal real do paciente;
- Peso Ideal (PI) – baseado na altura e estrutura corporal esperada;
- Peso Ajustado (PA) – cálculo que leva em conta uma média ponderada entre o peso ideal e o peso total.
A escolha do parâmetro correto depende da farmacocinética e farmacodinâmica do medicamento em questão — incluindo fatores como lipossolubilidade, volume de distribuição e metabolismo hepático ou renal.
A dosagem de medicamentos em pacientes com obesidade exige avaliação individualizada, conhecimento técnico e acesso a informações fidedignas. A ausência de dados clínicos robustos para essa população representa um desafio real para médicos, farmacêuticos e enfermeiros, que precisam garantir tratamentos eficazes sem aumentar o risco de eventos adversos.
Investir em pesquisas específicas, protocolos atualizados e formação continuada são passos essenciais para tornar a prescrição mais segura e eficaz neste contexto.
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